terça-feira, 16 de março de 2010

Simples e complexamente EU


Eu nasci no outono, precisamente no mês de julho, na véspera do plenilúnio.
Chovia.
Sempre chove muito nesse dia. Meus aniversários, portanto, são sempre molhados, úmidos, meio tristes...
Sou regida pela água, uma água lunar, mas em ebulição por força de Marte.
Em tudo exacerbada essa água.
Se há tristeza, é profunda. Alegria é tresloucada. Amor, é desvario.
Se há guerra é carnificina.
Se há paz, é cósmica.
Porque sou assim – e me conheço bem – vou tratando de procurar nos meus excessos o que há de proveitoso, não vou de encontro à minha natureza. Isso não funciona.
Se sou lâmina, meu metal deve ser aperfeiçoado, moldado a partir da minha essência, do que eu sou.
Se sou barro, que seja amaciado e curvado, em côncavo, para abrigar minha alma aprendiz, mas ainda assim, minha própria alma.
Sempre fui o que sou, como a pedra levemente brilhante é talhada e burilada até o estado de diamante.
Serei um dia diamante, mas já sou diamante.
Sou nascida e bendita pelo manto negro da noite, coroado por nossa madrinha Lua, nossa outrora casa natal.
Sou mulher das águas, das marés cósmicas.
Simples e complexamente EU.

2 comentários:

  1. Muito lindo o texto. Eu sou de outubro, regida pelos ventos, nasci pela manhã, vivo pelo equilíbirio, mas largo tudo sem terminar, raramente concluo algo. Muito difícil ser eu... Beijos.

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  2. Oi Aninha! És libriana?
    Só nós sabemos, é como diz a música: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
    Beijos

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