segunda-feira, 25 de julho de 2011

Maior que qualquer fé ou ideal



Lembro-me desse tempo antigo. Que no alto e afastado monte sagrado, começavam a soprar os ventos gelados do inverno. Uma enorme fogueira ardia no centro de belas e mágicas pedras. Recordo com perfeição o frio açoite das rajadas penetrando minhas vestes, apesar de sua espessura. Lembro de o vento arrebatar meus cabelos vermelhos, arrancando com ímpeto o manto sobre minha cabeça.
Eu estava lá pelo Propósito, que só conheciam os iniciados. Para ouvir a Voz.
Ainda sinto a batida surda dos cascos do cavalo, as ferragens tilintarem e refulgirem ao brilho quente da fogueira. E por dentro do manto escuro, seus olhos de guerreiro. Meu inimigo. Meu amor.
Seus ideais contrários aos meus. Sua fé maior que a minha. E lembro da dor que você me infringiu.
Do gelado metal, do quente sangue correndo pela minha barriga. E ainda assim, em meio a tudo, eu te amando.
E minha Mãe, tão majestosa voz, dizer-me: isso vai se repetir, até o dia em que o amor for maior que qualquer fé ou ideal. Que o amor for maior que o medo.

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