
Como de costume, deixou os sapatos na entrada, para não trazer para dentro do seu lar as impurezas da rua.
Pendurou a bolsa no cabide do escritório e logo sentiu o corpo esguio e macio de sua gatinha enroscando-se em suas pernas.
Com uma exclamação doce, tomou a gatinha em seus braços e a beijou.
Foi quando olhou naqueles enormes e azuis olhos felinos, e viu...
A princípio não passou de uma impressão, mas depois, por um segundo, pensou se tinha visto o que tinha visto, realmente.
Voltou a olhar.
E as pupilas da gata estavam lá, dilatadas, fixando algo muito interessante acima da cabeça dela.
Foi quando viu novamente, e agora não havia mais dúvidas.
No espelho da pupila negra e dilatada da gatinha ela viu seu próprio reflexo e, atrás de si, enormes asas brancas!
Imediata e instintivamente soltou a gata e virou-se para ver o que havia atrás de si mesma.
Nada.
Nada além da sala iluminada de sua própria casa, tendo ao fundo a visão da gatinha andando alegremente em direção a vasilha de ração.
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