domingo, 19 de dezembro de 2010

Esse tempo todo




Eu tenho toda a ansiosa paciência do mundo.
Fico aqui espectadora, tentando, sem expectativa, aguardar.
Em voltas indiferentes os ponteiros dos relógios, humanamente mundanos, giram.
E eu aguardo as marés da vida.
Vagando em paciência infinita, as ondas que quebram na praia com estrondo de nascimentos, espalham sal diluído. Alisando a beira do mar.
Eu areia, hora solta ao vento, açoitando as pernas do tempo, hora compacta, humidamente unida e lisa.
Vôo nas horas aladas, acento, compacta imobilidade circunflexa.
Esperando... sem esperar.
Esperando... sem esperar.
Esperando algo. Não sei bem o quê...
Devo ter cuidado?
Pergunto ao tic-tac o que é pior: esperar ou não saber o que esperar?
Só o som do tempo...
Espectadora sem expectativa.
- Prestar atenção – voz de homem?
E o que eu faço com o que se revolta lá pelo meio do oceano fértil e vivo?
- Transforma em lágrimas – novamente a voz.
Nem todo choro é de tristeza, racionalizo...
E tenho algo que fazer com esse tempo todo.

3 comentários:

  1. ... gostei do esperando sem esperar, me fez lembrar do AGIR PELO NÃO AGIR.

    JOPZ

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  2. É o que continuo tentando fazer sem fazer... afe! pense num desafio para alguém que gosta de ir lá e resolver tudo de uma vez!

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  3. Muito bom esse seu texto Luz. Realmete o mundo não pára para que a gente se recomponha dos nossos tropeços e quedas. Muito bom mesmo.

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