quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Recordas

                                                         
Recordas o sinal dado em todas as horas
Quando víamos as crianças acordadas de noite
Elas nos diziam com seus estômagos e cansaços que
Os limites desse mundo não podiam ser mais estendidos?  

Todas as partes já caiam e ainda uma se movia com fúria
E mentia que o novo virá (para os mesmos, sempre)
Desde que embalado e protegido em cifras estrondosas
Que comprassem e estilhaçassem vidas e ideias
    
Olhando para trás quando chorávamos imaginando
Que a secura daqueles dias iria engolir a todos nós
Não tínhamos o que hoje nos tem e faz atravessar o tempo
Para buscar as crianças jogadas naquelas noites, lhes
fazer um carinho impossível ao dizer: Vencemos!

Theodoro Leães (Depois da fuga, Granada, 1971).

2 comentários:

  1. Profundo esse texto. Muito bom. Abraços Luz

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  2. Sim, é de um belo poeta brasileiro de origem espanhola que fugiu do Brasil durante a ditadura militar.
    Abraço

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