quarta-feira, 29 de julho de 2009

Assim Falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche


Preâmbulo de Zaratustra
Aos trinta anos Zaratustra afastou−se da sua pátria e do lago da sua pátria, edirigiu−se à montanha. Durante dez anos gozou por lá do seu espírito e da sua solidão sem se cansar. Variaram, no entanto, os seus sentimentos, e uma manhã, erguendo−se com a aurora, pôs−se em frente do sol e falou−lhe da seguinte maneira:

"Grande astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas?
Faz dez anos que te apresentas à minha caverna, e, sem mim, sem a minha águia e a minha serpente, haver−te−ias cansado da tua luz e deste caminho.
Nós, porém, te aguardávamos todas asmanhãs, tomávamos−te o supérfluo e bendizíamos−te.
Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria, como a abelha quando acumula demasiado mel. Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres, da sua riqueza.
Por essa razão devo descer às profundidades, como tu pela noite, astro exuberante de riqueza quando transpôes o mar para levar a tua luz ao mundo inferior.
Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir.
Abençoa−me, pois, olho afável, que podes ver sem inveja até uma felicidade demasiado grande!
Abençoa a taça que quer transbordar, para que dela jorrem as douradas águas, levando a todos os lábios o reflexo da tua alegria! Olha! Esta taça quer novamente esvaziar−se, e Zaratustra quer tornar a ser homem".

Assim principiou o ocaso de Zaratustra...

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