quarta-feira, 29 de julho de 2009

O upanixade de Maya-Shakti-Devi

O grande estudioso de mitologia Joseph Campbell cita um Upanixade de cerca do século VII a.C., época exata em que a Deusa começava a surgir na região do Egeu. Este texto sagrado narra o encontro surpreendente dos deuses védicos com uma coisa estranha e amorfa no caminho, uma espécie de neblina fumarenta, como passa a narrar o próprio Campbell (O poder do mito, p. 191):

"“O que é isso?” Nenhum deles sabe o que poderia ser.
Então um deles sugere: vou descobrir o que é”.
Esse, então, se dirige àquela coisa esfumaçada e diz:
“Eu sou Agni, o Senhor do Fogo; posso queimar qualquer coisa. Quem é você?”
E do meio da espessa neblina sai voando um pedaço de palha, que cai no chão, e uma voz diz: “Vamos ver você queimar isso”.
Agni descobre que não é capaz de fazê-lo. Ele então retorna até onde estão os outros deuses e diz: “Isso sem dúvida é muito estranho!”
“Bem, então”, diz o Senhor do Vento, “deixe-me tentar”.
Ele vai e a cena se repete. “Eu sou Vayu, Senhor do Vento, posso arrastar qualquer coisa”. Outra vez uma palha é jogada ao chão. “Vamos ver se você pode arrastar isso”. Ele não consegue, e retorna.
Então Indra, o maior dos deuses védicos, se aproxima, mas, ao chegar perto, a aparição se desfaz e em seu lugar surge uma mulher, uma bela e misteriosa mulher, que se dirige aos deuses, revelando-lhes o mistério que fundamenta a eles próprios.
“Este é o supremo mistério de todo o ser”, ela lhes diz, “do qual vocês próprios receberam os seus poderes.
E Ele pode pôr em ação os seus poderes ou neutralizá-los, conforme deseje”. O nome hindu para esse Ser de todos os seres é Brahman, que é uma palavra neutra, nem masculina, nem feminina. E o nome hindu para essa mulher é Maya-Shakti-Devi, ‘Deusa Doadora de Vida e Mãe de Todas as Formas’.
E nesse Upanixade ela aparece como aquela que ensina aos deuses védicos sobre o fundamento e a fonte suprema do seu próprio ser e dos seus próprios poderes."



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