Tenho doces recordações do meu tempo de criança, quando eu era apenas expectadora imersa num mar de sons, cheiros e sabores, que hoje me parecem ser como bolhas de sabão coloridas e translúcidas:
Cedinho sentávamos ao redor da mesa do café, meus pais, eu e meu irmão. Louça jovialmente colorida e um tanto marcada pelo uso, dando um ar de familiaridade displicente. O cheiro de café fresquinho se mesclava, não só aos pães, à manteiga, ao suco e à geléia, mas sobretudo ao doce frescor que só existe nas manhãs. Um cheiro verde, fresco, ensolarado, colorido.
O tilintar dos talheres e das xícaras, ao pousarem nos pires, se misturava, quase numa melodia, às vozes um tanto quanto sonolentas dos presentes na sala arejada. Cortinas claras e esvoaçantes deixavam ver as janelas de vidro transparente banhadas por um sol ainda tímido, mas que já começava a secar o orvalho que teimava em lançar seus brilhos sobre as folhas das árvores, sobre as pétalas das flores, no jardim. Da rua vinha, num crescendo, o murmurinho do dia que começava, juntando-se à algazarra dos pardais nas roseiras e nas árvores da calçada.
E a conversa prosseguia sem pressa, aos poucos se tornando mais acalorada, à custa da cafeína e do ânimo trazido pelo bolo de laranja.
Em meio aos sons e doces aromas da manhã, ao final, sempre sobressaiam as leves notas de lavanda, dos banhos e asseios matutinos, como um prenúncio do tilintar das chaves, que meu pai tirava do bolso, anunciando a hora da partida, da saída do doce ninho para a vida adulta...
Oi Luciana!!Adorei o texto , é teu?Quando li a última frase, parecia que estava escutando o barulho da chave do meu pai...eu pensava a mesma coisa...barulho de chave, era o anúncio da partida...hehehe
ResponderExcluirSe quiser, apareça no meu cafofo!Vou adorar a visita!Bjs
www.biodecoracao.blogspot.com
Oi Ale, o texto é meu sim. ando lembrando muito da infância... hehehe
ResponderExcluirVou visitar seu cafofo sim.
Obrigada pela visita
Beijo