sábado, 20 de fevereiro de 2010

O mundo em papel couché


Não sei porque, mas hoje passei o dia inteirinho nostálgica.

E quando bate a nostalgia, assim, em pleno sábado pós Carnaval, não é bom sinal.

Não mesmo.

Pior que não fiquei, na rede balançando horas, lembrando de velhos amores ou de amigos distantes. Não.

Fui mais atrás, mais longe no tempo, até a infância.
Infância querida... Como diria o poeta Gaston Bachelard.

Lembrei sobretudo dos livros. E eram muitos, uma biblioteca que meu pai comprou por uma bagatela, quando veio de Brasília. No meio de tantos livros uma coleção, uma enciclopédia para crianças era a minha preferida.

Lembro da cor da capa, branquinha, capa dura com letras douradas. E o cheiro! Ah aquele cheiro de livro novo! Toda criança conhece, ou pelo menos deveria conhecer esse cheiro.

Não existe outro igual.

Era uma beleza a enciclopédia, e tratava de descrever com texto e ilustrações coloridas sobre papel lizinho e brilhante (que hoje eu sei que se chama papel couché), as maravilhas do universo infantil.

Algumas dessas imagens me marcaram muito. Uma delas falava já em preservar o nosso “planetinha”, e em tons pasteis sentava-se sobre o planeta Terra uma criança desproporcionalmente maior que ele. Quando vi, alguns anos depois uma ilustração do Pequeno Príncipe em seu planetinha, fiquei chocada de tão maravilhada!
O universo de uma criança não tem limites. E como é importante o que nos rodeia nessa fase.

Constrói nosso caráter.



O meu foi forjado, sempre, na base da Literatura. Posso dizer que conheço o mundo viajando pelas páginas dos livros.

Além dessa belíssima enciclopédia havia um livro bem fornido, devia ter lá suas 300 páginas, com histórias francesas. Nesse as ilustrações eram apenas à bico de pena, e eu, dada a tantas cores, tasquei lápis de cor nos desenhos. Como poderia a língua do cordeirinho não ser rosa??

Também passei muitas horas embaixo do pé de goiaba do meu quintal me deliciando com as aventuras de Peter Pan! Quando se é criança tem-se todo o tempo e o espaço do mundo!

Estou nostálgica mesmo...

Não sei se só dos livros. Talvez do tempo que não volta mais...

Mau sinal para uma mulher de 35 anos que precisa correr contra o tempo. Não sei por que, nem sei pra que correr tanto!

Ai, hoje, só hoje, gostaria de voltar a ser aquela criança com aqueles livros.

E ver o mundo bem mais belo e colorido no papel couché...

3 comentários:

  1. é verdade, flor, o passado faz nosso presente que faz nosso futuro e se torna passado novamente....

    Um grande abraço!

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  2. ai como e o nome do papel couche no rio de janeiro ??

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  3. ai como e o nome do papel couche no rio de janeiro ??

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